segunda-feira, 24 de março de 2014

Dia Mundial da Água completa 21 anos e o descaso com o recurso continua, diz especialista

John 1Em comemoração a Semana da Água, a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) da Prefeitura de Osasco organizou uma série de atividades, dentre elas o Ciclo de Debates Ambientais “Água e os Conflitos Mundiais”.

Na última quarta-feira (19/3) o pesquisador e professor John Emilio Garcia Tatton, também Gerente da Coordenação de Educação e Desenvolvimento Ambiental da Sabesp, falou sobre o assunto para alunos e docentes da UNIFIEO, campus Vila Yara.

As boas vindas foram dadas pela gestora ambiental Paulla Abreu, seguida pela fala do jornalista Carlos Marx, também secretário de Meio Ambiente, que enumerou as principais ações de sua pasta como o projeto Recuperação de Minas e Nascentes e o projeto Biodiesel Osasco.

“O volume armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira caiu para 14,7% e isso é motivo de atenção e preocupação. A educação ambiental norteia todas as atividades da Sema Osasco. Precisamos desenvolver uma atitude de amor, respeito e de proteção com as nossas águas”, sublinhou Marx.

O palestrante John Tatton iniciou sua fala enumerando uma série de ações humanas que resultaram em grandes catástrofes como a poluição dos rios e os desmatamentos e, então, ressaltou a importância de se ter uma visão sistêmica da água que permitirá aos gestores a possibilidade de uma ação integrada de antevisão dos problemas e de antecipação de soluções.

O pesquisador fez um breve relato histórico sobre como os países trataram suas águas e florestas. No século 17, por exemplo, Alemanha, França e Reino Unido passaram a estimular a silvicultura e adotar leis para regular o manejo sustentável das suas florestas.

“Nunca desmatamos e privatizamos tanto. Desmatamento não é desenvolvimento. Temos que consumir menos, ainda que tenhamos muito dinheiro. O Dia Mundial da Água foi criado pela Assembleia Geral da ONU. Houve vários acordos, encontros e tratados, mas o descaso mundial com a água continua. Onde está nossa responsabilidade com a geração atual e com a geração futura?”, questionou Tatton.

Ferramentas da sustentabilidade

Sobre as ferramentas da sustentabilidade, o pesquisador relatou inúmeras, tais como Educação Ambiental (EA), Agenda 21, 3Rs, ISO14.000, A3P, Consumo Responsável, Pegada Ecológica, Química Verde, Ecologia Industrial, Responsabilidade Social, Eliminação da Pobreza.

Para John Tatton, a Educação Ambiental deve ter um papel de grande importância na sociedade e, por isso, ela deve ser abordada de forma sistemática e transversal, em todos os níveis. A gestão ambiental possibilita o planejamento, a organização e a administração de atividades econômicas e sociais para que possamos usar de maneira coerente os recursos naturais e se fazer cumprir a legislação ambiental.

Segundo o professor, o manual da CETESB coloca “poluição” e “contaminação” como palavras sinônimas, mas não são. “¬Poluição” é a adição de substância física, química ou biológica levando a uma alteração da natureza do corpo d’água. “Contaminação” é a alteração da qualidade do corpo d’água causada diretamente pela adição de uma determinada substância.
 
John 2

“As leis federal e estadual de proteção das águas são importantes para a sua gestão. As políticas públicas, no geral, são primordiais para a proteção ambiental”, disse John referindo-se à Política Estadual de Recursos Hídricos de São Paulo e à Política Nacional de Recursos Hídricos.

População mundial

No planeta Terra há mais de sete bilhões de habitantes. “Por isso a importância de se investir em projetos, programas e ações eficazes. Como organizar, garantir segurança e alimentar tanta gente sem causar danos ao meio ambiente?”, perguntou Tatton.

 Segundo o professor, é preciso investir cada vez mais em matriz energética eficiente nos edifícios, na arquitetura, nas indústrias. Os gestores devem investir também em energias renováveis, como eólica, biomassa e solar.

Desastres, saúde e conflitos pela água

O palestrante mostrou ainda dados sobre a morte de crianças e adolescentes por falta de saneamento básico e possíveis conflitos futuramente por conta da falta desse recurso natural.

“Mais de 20 mil crianças morrem por dia por causa de doenças relacionadas à falta de água potável, saneamento e condições de higiene no mundo. A grande maioria dos que morrem é formada por negros e amarelos. E muitas dessas doenças registradas poderiam ser evitadas se os governos investissem mais em acesso à água e acesso ao saneamento básico”, frisou John Tatton.

O pesquisador citou vários desastres, a exemplo, o envenenamento de centenas de pessoas por mercúrio ocorrido na cidade de Minamata, no Japão onde os cidadãos apresentavam sinais de uma doença desconhecida chamada “gato louco”; desastre “Agente Laranja” que causou doenças e mutações genéticas em vietnamitas e norte-americanos; Cubatão – desastre da Vila Parisi onde ocorrem as primeiras mortes neonatais por anencefalia;  e Inglaterra com o “Mal da Vaca Louca”.

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Fotos e texto: Rosi Cheque

“O Brasil está comprando Angra III, que está localizada em local errado. Não podemos aceitar. Precisamos mudar a nossa cultura e o nosso comportamento. A floresta é a mãe da água e sem a água não há vida. A ONU deveria criar uma agência ambiental planetária”, sublinhou o palestrante que aproveitou e pediu aos jovens que se manifestassem no facebook e participassem ativamente de ações e discussões voltadas às políticas públicas sejam locais sejam em ambitos estaduais ou federal.

John Tatton finalizou sua fala sugerindo o vídeo documentário “O veneno está na mesa” e apontando várias soluções que estão inclusas nos oito objetivos do milênio. Dentre elas: acabar com a fome e a miséria; educação básica de qualidade para todos; igualdade entre os sexos e mais autonomia para as mulheres; redução da mortalidade infantil; melhoria da saúde e combate a epidemias e doenças; garantia da sustentabilidade ambiental; e estabelecer parcerias mundiais para o desenvolvimento.

Sobre o palestrante

John Emilio Garcia Tatton é Biólogo Sanitarista com Pós-graduação em Educação Ambiental e Biologia Sanitária pelo CRB – Conselho Regional de Biologia; Especialista em Ciências Ambientais pela Universidade São Francisco; Mestrado em Ciência Ambiental pela Universidade de São Paulo;  Professor de Ecologia Urbana no Curso de Arquitetura e Urbanismo na FAAP; Professor (convidado) no curso de pós-graduação: Gestão, Controle e Educação Ambiental na UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo.

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